Número total de visualizações de páginas


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Medo

Atira-te...
Atira-te depressa.
Não penses... nem percas tempo a respirar...
Que o teu proximo esforço seja lançares-te para a frente como se lança um sonho ao ar...
Com a mesma disposição triunfante até que voltes a tocar o chão...
Com a mesma sensação de que vais alcançar o sol... de que vais deitar-te no seio da Lua...

Atira-te vá!
Porque esperas?
Por quem esperas?
O tempo acaba-se...

E tu só consegues pensar e pensar…e envelhecer e perder a graça e ficar sem cor sem brilho sem vontade...
Vá...está na hora...

Atira-te!!

Mas... para onde me atiro eu? ...(...pensas...)
Onde vou eu cair?
Não tenho lugar onde queira certamente ficar... há alguns que nem conheço...
 e dos quais depressa me vou cansar...
Dos que tenho.. todos me fartam... todos me enchem...
E enchendo-me deixam-me mais vazio que uma caixa de cartão.

- Atira-te tu! ...(...dizes-me...)


- Não posso...! (...respondo-te...)

Não consigo sequer olhar para baixo...
Não consigo olhar as vidas lá em baixo sem ficar enjoada...
Sem a cabeça rodar e as pernas falharem...
Não quero!
Não me atiro...
Não vais estar lá para me amparar...
Vai doer-me muito...

A minha respiração prende-se ofegante ao factor acabar...
A palavra mete-me doente só de juntar as suas silabas e ver na minha mente a imagem distorcida que dela me impuseram!
Não me atiro...

Mas por vezes sinto como se o globo estivesse suspenso como um espanta espiritos algures e alguém o empurrasse com o dedo...
Apenas pela piada de o ver girar e girar... até este se entorpecer...
E eu ganho ansias... e as nauseas trespassam-me o peito e a mente...

Deixo de pensar...
Deixo de querer...
Sento-me...
Paro...
E fico a olhar para o nada...

Não me vou atirar..!!.
Mas sinto-me como se tivesse caido...

2 comentários: