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domingo, 10 de outubro de 2010

SE AO MENOS A CHUVA PARASSE DE FALAR BAIXINHO...

O dia acordou devagar...
como todos os dias de Outono acordam...

O rapaz tapou os olhos com as mãos...
E virou-se de costas para fugir da luz clara e baça que tinha tomado conta do quarto...

Enterrou a cabeça na almofada, e deixou-se ficar por ali nas suas memorias...
Finalmente levantou-se... num impulso ficou de pé.!..
Frente ao espelho de corpo inteiro...a direita de onde dormia...

Espreitou a imagem reflectida...
Seria a dele...estranho...

Pensou...!.

A imagem devolvida pelo espelho provocava-lhe um calafrio suado que o invadia sem misericoridia...
E doia... como um corte infecto...infestado de bichos...
Uma dor lancinante, sem reservas...sem perdão..sem apelo...

Ficou parado...imovel...

A unica metamorfose a vista era o facto de aquele familiar nó no peito...a dor constante que transportava pra todo o lado...
Estar agora transformado num enorme e estranho vazio de sons...
Que lhe apertava a garganta e o impedia de abrir a boca..

Fechou os olhos...

Na esperança de quando os abrisse tudo tivesse passado...

Em vão...
Sentiu medo..
Aprecebeu-se que por opçao estava preso do lado de dentro de um casulo...
Uma prisão sem amarras...sem grades...e sem gente..!.
A veia frontal começou a pulsar...
Sentiu-se sem voz

Acordava devagar nos dias de Outono.,..
Deitava-se depressa nos dias de Inverno...
Dormia ao de leve...enroscado em si mesmo...na ansia avassaladora do entardecer...
Tinha desaprendido tudo... Mas ao mesmo tempo aprendido demais...

O corpo gelou
E sabia porque...

Demonios há chuva...
Tapou os ouvidos com força...

E gritou para dentro...

Se ao menos a chuva parasse de falar baixinho...

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