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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O peso do nada!!

Se trago as mãos vazias porque me pedem tudo?
Acaso não saberão ver o quanto nada é mesmo coisa nenhuma?

Mas insistem...

Pedem tudo uma e outra vez...
Olho ainda para elas… não vá eu já nem sentir o peso de tudo...!
Não vão elas ter algo que vos pertença e eu não sinta..
Olho-as mas vejo apenas coisa nenhuma...
Cheias de um vazio imenso...
São duas mãos de nada...
E mesmo assim... como um louco que não sabe o porquê das coisas...
Num gesto natural de como quem sêmea o trigo em campos ressequidos...
Estendo as mãos e dou tudo o que trago nelas
Um vazio imenso...
Um enorme nada ...
Depois sinto-me mais leve... jogara fora o peso que trazia...
O vazio agora é vosso...

Fartem-se!

Lambuzem-se de gulosa ignorância...
Encham-se de tamanha ambição..
A ganância que nos olhos vos brilha
Agora satisfeita... incha-vos as bocas
Os estômagos dilatam
Engordam a olhos vistos os egos
Reflectidos nos sorrisos incontidos de vitória
Um ou outro lutam na disputa de um nada maior
E eu simplesmente olho as mãos ...
Que vos satisfizeram a mesquinha gula do nada
Vejo-as agora cheias...
Repletas de pesada culpa
Não me resta nada mais que as mãos.
As mesmas mãos que voltarei a encher de nada ...
Para que vos possa voltar a dar tudo ..

Enquanto isso...disfarço a vergonha escondendo as mãos nos bolsos ...!

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