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sexta-feira, 23 de abril de 2010

A palhaça

Estou tão cansada de tentar fazer magias bonitas...
Estou farta de inventar pombas brancas de asas pintadas a sair de cartolas de néon...
Todas as coisas belas estão comprometidas com os olhos de quem as procura...de quem as compra...

Como o galope compassado de lindos cavalos brancos amestrados...obedientes a fome que os mantem ...em pose elegante quando recebem o consolo dos aplausos estridentes esperados todas as noites...

Quero fazer adeus...!!

Despedir-me como a palhaça louca...que atras da escuridão do pano apaga a alma pintada de mil cores no reflexo do espelho... !

Quero chorar a raiva de sentir que sem tintas não há graça... que o tempo de cativar chegou ao fim...
Quero ver-me partir para ficar perto do lugar mais dorido da saudade...
Mas a magia segue-me...
Enche-me por dentro...

Ilumina-me...
Da-me vida...

Envolve-se nos gestos desajeitados que o gigante foco de luz não deixa escapar...
Da-me abrigo como uma tenda enorme salpicada de estrelas que se abre para me abraçar...
Mas há sempre tempo para um ultimo acto ridiculamente vestida de lantejoulas e brilhos baratos.

Senhoras e senhores... meninas e meninos... agora sem rede!

Deixemos que o circo brilhe... que se inflame em circulos de fogo trespassados por leões tristemente submissos a um domador velho usado e mal pago... !!

Soem os rufos...
Os tambores...
Que se erga a musica saida do folego cansado do trompetista e que todas as notas de musica se desfaçam em melodias cortantes...

Levante-se o publico... encha-se o circo de palmas.. de luz e de... drama!

(Silencio...)

Do alto do trapezio a arte da Magia dá o salto... para a queda.


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